As marcas da igreja de Jesus Cristo

Bible Text: Atos 2:42-47 | Pregador: Rev. Ronaldo Vasconcelos | Series: ATOS | AS MARCAS DA IGREJA DE JESUS CRISTO
At 2.42-47
Você já precisou buscar alguém que não via há muito tempo no aeroporto? Possivelmente você teve medo de não reconhecer a pessoa por conta das mudanças do tempo. Certamente algumas características fundamentais devem ter passado pela sua cabeça para tentar achar a pessoa. Achar uma igreja verdadeira em nossos dias não é uma tarefa mais fácil. Com o número expressivo e crescente de “tipos” de igreja,  certamente, uma pergunta que todos nós devemos fazer é “quais as marcas da Igreja de Jesus Cristo?”. Quais seriam as características fundamentais que revelam o que é uma Igreja?

O início do livro de Atos dos Apóstolos nos dá uma síntese da vida da igreja em seu começo. Isso nos permite extrair aquilo que Cristo deu a igreja como identidade. Especificadamente o texto de Atos 2.42-47 traz um resumo central, que será repetido em 4.31-35 e 5.11-16. Portanto, essas características não estão aleatoriamente no texto, mas norteiam o desenvolvimento do livro e de toda história da igreja. Podemos resumir as marcas da igreja com a seguinte sigla: Instruir – Partilhar – Cultuar- Crescer.

Instruir 

Como vimos na pregação de Pedro em Pentecostes, o ensino da Palavra é central para a vida da igreja. Ainda que muitos sinais acompanhassem o dia a dia do ministério  apostólico, era o ensino dos apóstolos que continuamente era perseverado na igreja.  Esse ensino ou doutrina não foi criado pelos apóstolos, mas recebido de Jesus Cristo, e confiado a eles para continuarem a anunciar a mesma verdade do ensino de Jesus. Nesse sentido, a evangelização é contada como ensino, a proclamação do Evangelho do Reino. A reação dos que ouviam e viam tudo o que os discípulos falavam e faziam era de temor e admiração, contando inclusive com a simpatia do povo (v.47). Portanto, a igreja não era fechada em si, mas comunicava com a sociedade em seu ensino e obra.

Partilhar

O fruto de uma comunidade unida é a capacidade de dividir generosamente para suprir a necessidade do próximo. Vemos claramente no início da igreja uma profunda e real comunhão, o que tornava a igreja realmente uma família. Assim, a demonstração do amor se deva em auxiliar e partilhar as cargas uns dos outros. Muitos vendiam suas propriedades e doavam o dinheiro para que fosse revertido em ajuda aos irmãos que, por estarem distantes de suas casas, careciam de auxílio. Não há aqui um chamado ao abandono de qualquer noção de propriedade privada, mas um convite a generosidade e amor. Por isso, esse não é um texto prova para o comunismo, como muitas vezes é dito. O que temos é uma grande necessidade, onde quase 3 mil pessoas passam a pertencer a igreja e muitos eram estrangeiros que estavam adorando no dia de Pentecostes. Os discípulos não eram forçados a compartilhar, mas isso naturalmente acontecia, pois, a comunhão leva ao serviço em generosidade de contribuição e na sensibilidade das necessidades da comunidade.

Cultuar 

O culto a Deus é claramente um testemunho da vitalidade da igreja. Enquanto igreja que se mantém fiel a adoração a Deus, ela externaliza a vida de Deus nela, uma vez que  ele é glorificado. A expressão “partir do pão” é um termo usado para referir-se a Ceia do Senhor, lembrando de seu sacrifício vicário, quando ele partiu seu corpo e derramou seu sangue. Essa adoração envolvia a vida como um todo, mas especificamente acontecia de casa em casa. Não havia uma estrutura para que os cristãos se reuníssem. Eles usavam algumas partes do Templo, mas os encontros diários ali certamente  levavam mais a evangelização do que o culto propriamente dito. Por outro lado, eles cultuavam a Deus com simplicidade e amor, e faziam isso na pouco estrutura que tinham, mas com verdade no que faziam. A oração também fazia parte da vida diária da igreja. Os discípulos eram homens e mulheres de oração, comprometidos em interceder e clamar a Deus. Eram perseverantes em orar porque sabiam da dependência que tinham de Deus. Nada poderiam fazer sem o poder de Cristo neles. Portanto, o Culto é reflexo da comunhão da igreja com Deus e uns com os outros.

Crescer 

O texto encerra afirmando que o próprio Deus dava o crescimento da igreja. Diariamente mais e mais pessoas se achegavam para pertencer a comunhão do povo de Deus. Esse crescimento, portanto, é característica da igreja, ainda que não seja produzido por ela. Cristo afirmou que as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja (Mt 16.18), assim, a vitória da igreja em sua expansão está nas mais do Rei Jesus. Ele mesmo garante que a igreja continuará a vencer até o dia da sua volta. E mesmo com o crescimento da perseguição, Deus continuará a chamar o seu povo, que ele  elegeu antes da fundação do mundo. Esse crescimento não se dá de forma desordenada e nem através de estratégias humanas de crescimento. Esse tipo de estratégia costuma encher a igreja de ímpios que estão ali por motivos distintos do amor a Deus. Por outro lado, o crescimento que Deus dá vem acompanhado de conversões genuínas e multiplicação de igrejas.

E o servir, onde está em tudo isso? Em tudo! Nosso chamado é servir a igreja de Cristo
procurando desenvolver exatamente essa identidade que ele mesmo imprimiu em nós. Portanto, que possamos reconhecer as verdadeiras marcas da igreja, não só para identificarmos que realmente a IPCC é uma igreja verdadeira, mas que também possamos desenvolver o serviço e ministério dentro dessas marcas. Desenvolvendo todo o trabalho com o foco de ser uma igreja saudável, pulsante e viva para a glória de Deus.

Rev. Ronaldo Vasconcelos