Pregador: Rev. Sérgio Lyra | Primícias para Deus
O povo de Israel havia passado 40 anos no deserto e estava pela segunda vez na frente de Canaã, a terra que Deus havia prometido. É nesse contexto histórico que Moisés escreveu o livro de Deuteronômio, relembrando o povo as ordens, orientações e diretrizes que o Senhor havia dado após a saída do Egito. O capítulo 26 de Deuteronômio ensina sobre as primícias da terra para Deus. Na verdade, o povo ainda não havia tomado posse da terra, nem plantado ali nada, mas era necessário aprender e reconhecer que tudo que eles iriam plantar, colher, ter e desenvolver seriam benção do próprio Deus. Vivemos numa realidade bem diferente do contexto agropecuário de Israel, todavia continuamos seres que investem tempo e recursos em busca de colher benefícios. Independente do tempo e cultura, as Escrituras oferecem princípios que devemos preservar e aplicar sempre no que se refere ao reconhecimento e atitudes acerca das primícias que pertencem a Deus.
1 – Primícias e ofertas são adoração a Deus
O mercantilismo e a monetarização das atividades humanas têm de muitas formas afetado o conceito e a ação de ofertar e entregar a Deus bens materiais. Isso tem feito a oferta de valores ao Senhor parecer pagamento, uma espécie de “mensalidade” ou ritualização da adoração. O princípio bíblico da oferta é o reconhecimento ativo que tudo vem de Deus e pertence a Deus (Sl 24.1; I Cr 29.14), sendo dado aos seres humanos o privilégio de serem administradores desses bens. O povo de Israel foi ensinado a sempre lembrar de onde vem as bençãos, o cuidado e a providência de tudo (Dt 26.3-10). Deus fez isso orientando a relembrar o processo abençoador e poderoso que tirou os israelitas da escravidão do Egito e os levou até Canaã. O ato estabelecido era lembrar e reservar os primeiros e melhores frutos das colheitas, reconhecendo quem era o provedor. A entrega desses frutos chamou-se de Primícias (Dt 6.1-2), assim como Abel procedeu (Gn 4.4). Deus também ordenou que a cada três anos, o povo deveria separar 10% de tudo que produzisse e dar aos levitas, às viúvas, órfãos e estrangeiros para o seu sustento (Dt 26.12). Tanto a entrega anual das primícias como a oferta para os necessitados são expressões de adoração que agradam a Deus.
2 – Primícias é prosperidade com gratidão e alegria
Pode parecer evidente, mas para haver primícia precisa haver progresso, crescimento e geração de frutos. Considerando que nessa tarefa Deus permitiu que os seres humanos aplicassem suas habilidades, inteligência e recursos para produzir resultados, somos fortemente tentados a achar que o sucesso que conseguimos é fruto de nossa própria capacidade. Ao orientar o povo de Israel a adorarem através das primícias, o Senhor Deus deixou para nós um princípio inegociável: Sempre que prosperar, lembre-se que foi Deus quem o fez prosperar e reserve o melhor dos frutos obtidos para entregar a Ele em adoração. Dar as primícias de tudo para Deus nos faz adoradores agradecidos, mesmo nas pequenas coisas que conseguimos realizar. Todavia, essa prática não é aceita como adoração quando praticada por imposição ou constrangimento. Adorar a Deus com nossos bens é atitude do coração, é culto que gera alegria no adorador, é celebração do crente agradecido pelo que Deus tem dado e efeito (Dt 26.11).
3 – Primícias honra a Deus e traz mais bênçãos ao adorador fiel
É certo que entregar as primícias a Deus reflete a atitude de um coração adorador, submisso e grato, desprovido de segundas intenções. Ao adorarmos a Deus, desejamos reconhecer e glorificar quem Ele é, e dignificar as obras das suas mãos, jamais um ato de troca de favores. O nosso Deus é tão bom para com o seu povo que quando o adoramos em espírito e em verdade e somos obedientes às suas orientações, Ele derrama mais benção ainda sobre nós. Foi isso que o Senhor prometeu ao povo de Israel, e ficou conhecido como bençãos da obediência (Lv 26.1-13; Dt 26.16-19). Davi retratou essa verdade no Salmo 1 e seu filho Salomão destacou dizendo:”Adore a Deus, oferecendo-lhe o que a sua terra produz de melhor. Faça isso, e os seus depósitos ficarão cheios de cereais, e você terá tanto vinho, que não será capaz de armazenar.” (Pv 3.9-10).
Na nossa celebração comunitária deste final de ano, em adoração a Deus ofereceremos as nossas primícias como reconhecimento de tudo que Ele tem feito por nós, e como ação visível diante de todos da nossa gratidão e submissão para com Ele. Hoje também, em obediência à Sua Palavra, ofertamos um pouco dos alimentos que temos em abundância na nossa casa para que possa suprir necessidade de outras famílias. Deus ama o adorador sincero e fiel. Deus abençoa aquele que oferta com alegria e generosidade. É um privilégio praticarmos hoje a ordem de Jesus Cristo, pois “mais feliz é aquele que dá do que aquele que recebe.” ( At 20.35).
Rev. Sérgio Lyra